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BR GAAP vs. US GAAP na Saúde: Como as Regras Contábeis Impactam Hospitais e Clínicas

A contabilidade é uma ferramenta essencial para a gestão financeira de qualquer empresa, mas no setor da saúde sua relevância é ainda maior. Hospitais, clínicas e laboratórios lidam diariamente com altos investimentos em equipamentos, contratos complexos com planos de saúde e operações financeiras que exigem precisão na mensuração e divulgação de resultados.

Para garantir a transparência e a padronização das informações financeiras, diferentes países adotam normas contábeis específicas. No cenário global, dois dos principais modelos são o BR GAAP (Brazilian Generally Accepted Accounting Principles) e o US GAAP (United States Generally Accepted Accounting Principles). Embora ambos tenham como objetivo organizar a contabilidade, suas diferenças impactam diretamente a forma como instituições de saúde registram receitas, despesas, ativos e passivos.

Neste artigo, vamos explorar:

  • O que é IFRS e sua relação com o BR GAAP
  • As principais características do BR GAAP e do US GAAP
  • Como essas normas afetam o reconhecimento de receitas, arrendamentos, valoração de ativos e fusões no setor da saúde
  • Exemplos práticos de aplicação em hospitais e clínicas

O que é IFRS?

IFRS (International Financial Reporting Standards), ou Normas Internacionais de Relatório Financeiro, é um conjunto de padrões contábeis desenvolvido pelo IASB (International Accounting Standards Board). Seu objetivo é harmonizar a contabilidade em nível global, permitindo que empresas de diferentes países utilizem uma linguagem financeira comum.

No setor da saúde, isso é especialmente relevante para:

  • Grupos hospitalares internacionais, que operam em múltiplos países e precisam consolidar suas demonstrações financeiras de forma uniforme.
  • Investidores estrangeiros, que exigem relatórios padronizados para avaliar oportunidades em hospitais e clínicas.

Desde 2007, o Brasil vem adotando o IFRS como base para suas normas contábeis, o que aproximou o BR GAAP dos padrões internacionais.

O que é BR GAAP?

BR GAAP corresponde às normas contábeis aceitas no Brasil, reguladas principalmente pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) e homologadas por órgãos como a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e o Banco Central.

Antes de 2007, a contabilidade brasileira seguia regras próprias, muitas vezes distantes dos padrões internacionais. Com a Lei nº 11.638/2007, o país iniciou um processo de convergência ao IFRS, tornando as demonstrações financeiras mais transparentes e comparáveis internacionalmente.

Características do BR GAAP na Saúde

  • Flexibilidade na interpretação, já que o IFRS é baseado em princípios gerais.
  • Reconhecimento de receitas conforme a realização do serviço, mesmo que o pagamento seja posterior.
  • Reavaliação de ativos (como equipamentos médicos e imóveis) com base no valor justo de mercado.

O que é US GAAP?

US GAAP é o padrão contábil dos Estados Unidos, desenvolvido pelo FASB (Financial Accounting Standards Board) e fiscalizado pela SEC (Securities and Exchange Commission).

Diferente do IFRS, que segue uma abordagem mais principiológica, o US GAAP é extremamente detalhado e normativo, com regras específicas para cada tipo de transação.

Características do US GAAP na Saúde

  • Regras rígidas para reconhecimento de receitas (especialmente em contratos com planos de saúde e Medicare/Medicaid).
  • Tratamento conservador de ativos, geralmente mantidos pelo custo histórico (sem reavaliação).
  • Testes de impairment mais complexos, exigindo análises detalhadas antes de ajustes contábeis.

Onde esses métodos são utilizados:

  • IFRS: Adotado por mais de 140 países, incluindo União Europeia, Canadá, Austrália e Japão.
  • BR GAAP: Exclusivo do Brasil, mas alinhado ao IFRS.
  • US GAAP: Oficial apenas nos EUA, mas seguido por multinacionais que buscam investidores americanos.

Principais Diferenças entre BR GAAP e US GAAP na Saúde

1. Base de Relatório

  • BR GAAP (IFRS): Baseado em princípios, permitindo maior flexibilidade na interpretação.
  • US GAAP: Baseado em regras, com normas específicas para cada situação.

2. Reconhecimento de Receita

  • No US GAAP:
    • Planos de saúde (como HMOs e PPOs) exigem critérios rigorosos para reconhecer receitas.
    • Receitas só podem ser registradas quando os serviços são executados e o pagamento é garantido.
  • No BR GAAP:
    • O reconhecimento é mais simples, seguindo o princípio da realização do serviço.
    • Hospitais podem registrar receitas mesmo que o pagamento seja posterior (ex.: faturamento a receber de convênios).

Exemplo Prático:

EUA: Um hospital só registra a receita de uma cirurgia após sua conclusão e confirmação do pagamento pelo plano de saúde.

Brasil: O hospital registra a receita no momento da cirurgia, mesmo que o convênio pague 30 dias depois.

3. Tratamento de Arrendamentos (Leasing)

  • No US GAAP:
    • Os contratos são classificados como operacionais (aluguel puro) ou financeiros (quase uma compra).
    • Somente os financeiros aparecem no balanço.
  • No BR GAAP (IFRS 16):
    • Todos os arrendamentos (inclusive operacionais) devem ser registrados no balanço como ativo (direito de uso) e passivo (obrigação de pagamento).

Exemplo Prático:

EUA: Uma clínica que aluga um ressonância magnética por 5 anos pode não registrar o equipamento no balanço se for um leasing operacional.

Brasil: O mesmo contrato seria registrado como um ativo (valor do equipamento) e um passivo (pagamentos futuros).

4. Valoração de Ativos

  • No BR GAAP:
    • Hospitais podem reavaliar equipamentos e imóveis com base no valor justo de mercado.
    • Se um tomógrafo valorizar, o ganho é contabilizado no patrimônio.
  • No US GAAP:
    • Ativos são mantidos pelo custo histórico (valor de compra), com depreciação ao longo do tempo.
    • Reavaliações só são permitidas em casos excepcionais.

5. Testes de Impairment (Perda de Valor de Ativos)

  • No BR GAAP (IFRS):
    • Se um ativo perde valor (ex.: equipamento obsoleto), ele é ajustado ao valor recuperável.
  • No US GAAP:
    • O teste é mais rígido, em dois estágios:
      1. Verifica se o valor contábil excede o fluxo de caixa futuro esperado.
      2. Se houver perda, calcula-se o ajuste necessário.

Exemplo Prático:

EUA: Um hospital que investiu em um novo centro de oncologia, mas não atingiu a demanda esperada, deve reavaliar se o valor contábil ainda é justificável.

Brasil: A análise é mais direta, comparando o valor contábil com o valor de mercado.

6. Combinação de Negócios (Fusões e Aquisições)

  • No US GAAP:
    • Exige detalhamento rigoroso de ativos tangíveis (equipamentos) e intangíveis (marca, carteira de clientes).
  • No BR GAAP (IFRS):
    • O reconhecimento é baseado no valor justo, com menos burocracia.

Exemplo Prático:

EUA: Se um grupo hospitalar americano compra uma rede de clínicas, precisa separar o valor de cada máquina, patente e contrato.

Brasil: A avaliação é mais simplificada, focando no valor justo total.

Considerações Finais

Entender as diferenças entre BR GAAP e US GAAP é crucial para:

  • Gestores hospitalares que buscam eficiência na contabilidade.
  • Investidores que avaliam oportunidades no setor da saúde.
  • Empresas internacionais que operam no Brasil ou nos EUA.

Enquanto o BR GAAP (IFRS) oferece maior flexibilidade, o US GAAP exige conformidade rígida. Escolher o padrão adequado pode impactar desde o balanço patrimonial até a captação de recursos.

Para hospitais e clínicas, a contabilidade não é apenas uma obrigação legal, mas uma ferramenta estratégica para tomada de decisões. Portanto, dominar essas normas é essencial para uma gestão financeira sólida e transparente.

Se sua instituição de saúde opera em múltiplos países, considere consultar um especialista em contabilidade internacional para evitar erros e otimizar seus relatórios financeiros.

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Sandro Schmidt

Sandro Schmidt

Writer & Blogger

Administrador com mais de 25 anos de experiência na área da saúde, especializado em Gestão Financeira, Controladoria, Auditoria e Custos Hospitalares. Criei e implantei departamentos de custos do zero, desenvolvendo metodologias que geraram resultados expressivos em diversas empresas. Expertise em precificação de pacotes hospitalares, cirurgias e procedimentos, além de estratégias de reposicionamento e implantação de sistemas de custos e ciclo da receita. Fundador da PromoVendo Soluções, uma empresa dedicada a contribuir com a gestão financeira de hospitais e empresas de saúde, focando em custos, estratégias e sustentabilidade financeira. Acredito que o conhecimento é a base para uma gestão eficaz e transformadora.

Autor

Sandro Schmidt

Blogger & Writer

Administrador de empresas com mais de 25 anos de experiência na área da saúde, especializado em Gestão Financeira, Controladoria e Auditoria. Expert em custos hospitalares, precificação e estratégias de reposicionamento. Fundador da PromoVendo Soluções, empresa dedicada a auxiliar hospitais e negócios do setor de saúde na gestão de custos e na otimização de receitas.

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